O Novo Banco, o Montepio, a CGD, o Santander Totta, o BCP e o BPI aceleraram a venda de crédito malparado em 2018, tendo vendido pelo menos 5.719 milhões de euros deste tipo de ativos, segundo dados divulgados pela agência Lusa.
Os bancos necessitam de se desfazer de carteiras de crédito malparado para otimizarem os seus balanços e cumprirem com as indicações exigidas por reguladores e supervisores bancários, que identificam este tipo de ativos como a principal ameaça do sistema bancário português.
No ano passado, os bancos portugueses procederam à venda de malparado através de grandes carteiras de crédito em incumprimento e com reduzida perspetiva de serem pagos pelos seus devedores. A agência de rating Moody’s, no passado mês de janeiro, elogiou a velocidade com que os bancos portugueses estão a limpar os seus balanços e prevê-se que esta tendência se mantenha em 2019.
Ainda assim, a agência alerta também que o volume de NPL (non-performing loans) em Portugal “ainda continua a ser um constrangimento importante nos perfis de crédito da maioria dos bancos”, mesmo estando este a diminuir.
Deste modo, apesar dos números atrativos no que diz respeito à venda de crédito em 2018, Portugal tem 3 vezes mais crédito malparado quando comparado com a média da União Europeia, sendo que em meados do ano passado representava cerca de 12% do total de crédito concedido pelos bancos portugueses.
As Vendas de Malparado dos Maiores Bancos
Os seis maiores bancos a operar em Portugal aceleraram a venda de NPL no ano passado e atingiram records.
No que diz respeito ao Novo Banco, apesar de ainda não terem sido divulgados os dados representativos do ano de 2018, o banco informou que vendeu uma carteira de 102 mil contratos no valor de 2.150 milhões de euros a fundos de investimento.
Também o Banco Montepio, que ainda não divulgou contas, anunciou a venda de 10 mil contratos no valor de 239 milhões de euros a uma empresa Irlandesa.
Já quanto aos bancos que apresentaram as suas contas, a Caixa Geral de Depósitos desfez-se de 1.200 milhões de euros em crédito malparado e o Santander Totta totalizou um valor de 1.000 milhões de euros em vendas de empréstimos ao imobiliário, a maioria a respeito do ex-Banco Popular.
O BPI vendeu, em novembro, 400 milhões deste tipo de empréstimos e o BCP, cujas contas foram divulgadas na passada quinta-feira, alienou uma carteira de crédito de 730 milhões de euros.
Em Portugal, o crédito malparado é mais do triplo da média da União Europeia
Em 2017, os NPLs representavam 1,3% do PIB português, valor apenas ultrapassado pela Eslovénia (4% do PIB do país). Isto indica que Portugal era, e ainda é, o segundo país da União Europeia com maior taxa de malparados.
Segundo o estudo divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) sobre as perspetivas da Economia Portuguesa para 2019, “O rácio de NPL face ao total do crédito concedido continua a ser um dos mais elevados da OCDE”, sendo os bancos portugueses apenas ultrapassados pelos bancos gregos.
A OCDE deixou ainda algumas sugestões para diminuir o crédito malparado suportado pelas empresas: “Considerando a reduzida probabilidade de recuperação de alguns NPL, deve continuar a incentivar-se o respetivo abatimento ao ativo, tendo em conta as medidas adotadas a nível europeu. Outra forma de reduzir os NPL passa por facilitar a liquidação de empresas insolventes e por reduzir as restrições à sua saída do mercado”.