Se há dez anos começámos a introduzir, na procura e escolha de casa, novas tecnologias que eram antes inexistentes (como a ferramenta Street View da Google por exemplo), que novas tecnologias podemos prever que comecem a ser utilizadas daqui a dez anos? E qual será o papel de um agente imobiliário face a estas inovações presentes no mercado?
Com novas tecnologias e materiais de construção a surgir, as preferências dos consumidores vão-se alterando seja a nível social e pessoal, seja pelas preocupações quanto ao impacto ambiental dos mesmos. Estas novas tendências e hábitos de consumo, que já são uma realidade noutros mercados, influenciam diretamente as características das casas existentes como também o tipo de casa exigida pelos próprios consumidores.
Segundo o estudo “A casa e as tendências dos consumidores: Os impactos futuros na mediação imobiliária” de António Alvarenga, CEO da ALVA Research & Consulting, “questões económicas e novos estilos de vida levarão a uma maior procura de casas com dimensões menores e novas técnicas e materiais de construção irão proporcionar uma maior flexibilidade na evolução/adaptação das habitações”.
As perspetivas para 2030 são de uma habitação personalizável e modular, na qual cada um poderá customizar as diferentes divisões mediante as suas necessidades e preferências – tendência que já se vem a revelar nos últimos anos.
As alterações no consumo prendem-se muito no estilo de vida, mas existe uma nova preocupação no momento de escolha do consumidor – o impacto ambiental. Existem hoje gabinetes de arquitetura e engenharia especializados em inovar matérias e técnicas, de forma a assegurar uma sustentabilidade ambiental com a utilização ponderada de recursos naturais.
Prevê-se também que daqui a dez anos as “Smart Home” sejam uma realidade. Apesar de já termos inserido elementos “smart” nas nossas casas – como é o caso das Smart Tv, Smart Clock, entre outros – este termo das “casas inteligentes” pressupõe uma . Graças aos avanços da Inteligência Artificial, as habitações serão adaptadas para interagir com tecnologia controlada através de um touchscreen, smartphone, computador ou tablet e até prever as necessidades de quem lá vive.
E por fim, mas com elevado peso no mercado: os espaços e habitações co-living. “A partilha de espaços e de imóveis é funcional e prática numa economia global em que a portabilidade e mobilidade estão presentes e que influencia a nossa vida profissional. Podemos trabalhar em vários pontos do globo e mudar de emprego de maneira cada vez mais dinâmica. Neste contexto, o conceito de co-living é muito pertinente”, segundo o estudo.
Em 2030, qual será o perfil do consumidor?
Dentro de 10 anos, segundo a investigação, várias gerações de faixas etárias distintas estarão ativamente em busca de uma nova casa.
Por um lado, a geração Millennials e Geração Z, que terão entre 36 a 49 anos e 10 a 35 anos respetivamente, serão os novos consumidores deste mercado. Por outro, graças à melhoria das condições de vida e de saúde, a Geração X (pessoas que terão entre 50 e 70 anos) será também um target ativo e exigente no mercado imobiliário.
Quanto às preferências de cada geração, a Geração Z será a primeira a ter “uma total imersão tecnológica”, optando por uma procura essencialmente online. Prevê-se ainda que “o arrendamento seja uma opção precoce” e que se introduzam gadgets e conexões básicas de uma “smart home” que facilitem e melhorem a sua rotina diária.
Já os Millennials, identificados como a geração do co-living, serão mais focados na consciência ambiental.
Ainda assim, ambas gerações terão uma preocupação comum que se prende no funcional e sustentável que cada espaço da casa. Aspeto importante para quem está a vender, visto que a procura se irá focar no quão eficiente é a habitação e os aparelhos inteligentes que a mesma inclui.
Quais os impactos na profissão de agente imobiliário?
Esta profissão irá também sofrer alterações. O agente imobiliário será “um player fundamental que articula as prioridades, os desejos e as preocupações do consumidor com a oferta de casas disponíveis”.
Para conseguir responder às expectativas dos consumidores, o agente imobiliário terá de estar enquadrado com os desafios, tecnologias e padrões de consumo que se prevê que reinventem o mercado.
Com um setor da construção mais dinâmico, com novos paradigmas e inovações que não aconteciam há décadas e, por outro lado, um novo perfil do consumidor, mais preocupado e exigente, é importante desenvolver a capacidade de interagir e colaborar com ambos os lados para conseguir dar uma melhor resposta.
O agente imobiliário deverá ainda introduzir tecnologias como plataformas digitais que possibilitem ao consumidor criar e planificar a sua casa de sonho, proporcionando assim a personalização.
É por isso essencial que estes profissionais avaliem o setor com regularidade e estude as alterações nos padrões e preferências de consumo, para que consigam antecipar e superar a expectativa de quem procura casa.