Também denominada de habitação colaborativa, o conceito de Cohousing começa a ser visível no nosso país, principalmente como alternativa a lares de idosos e à fatalidade de os mais velhos viverem sozinhos.
Originário da Dinamarca, este tipo de habitação pode ser para muitos uma novidade. Ainda assim, na Europa já é uma realidade há mais de uma década e começa agora a dar os primeiros passos em Portugal. Este conceito resume-se à partilha de determinados elementos comuns que complementam a habitação privada de cada pessoa. O objetivo é aproximar os habitantes, diminuir o custo de vida e promover o sentimento de partilha e inclusão. Apesar de também haver projetos de cohousing dedicados aos mais jovens, dado o acentuado envelhecimento da população em Portugal, a prioridade são os idosos com autonomia.
Este conceito, contudo, não pretende tornar os habitantes mais dependentes em certos aspetos. Pelo contrário – não existe modelo definido, ou seja, o objetivo é criar uma ideia de liberdade sendo que cada grupo define as suas regras. Cada habitante tem a sua casa/apartamento privado – equipados com todos os serviços essenciais, com quartos, casa de banho, cozinha e zona de estar – e um espaço comum partilhado com sala, cozinha, lavandaria e, possivelmente, outros serviços.
Iniciativa Cresce em Lisboa
Promovido pela autarquia da capital, o conceito de cohousing já implementado em Lisboa, surge através de um projeto constituído pela Câmara e gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Neste caso, o empreendimento apresenta um modelo intergeracional que inclui creche e espaço para jovens no rés-do-chão, e residência assistida nos andares acima, para idosos com autonomia.
A vereadora da Habitação e Desenvolvimento Local da Câmara de Lisboa, Paula Marques, considera este projeto como uma iniciativa bem-sucedida e inovadora pois “Cada um dos apartamentos é diferente dos outros, porque cada um dos residentes pode trazer os seus móveis e os seus objetos pessoais e decorar a seu gosto”. Os habitantes “partilham os espaços comuns, repartem as tarefas e organizam as suas festas, onde recebem os jovens e crianças e os familiares”.
Conferência “Cohousing Portugal – Viver Sustentável”
No final do mês passado decorreu, pela primeira vez em Portugal, a conferência internacional sobre este tema de cohousing. A iniciativa, apoiada pela Fundação Altice, teve lugar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Ao longo do evento foi discutida a necessidade de apoiar a faixa etária mais idosa que tem grande peso no nosso país, ao adotar este modelo cohousing de forma a criar uma comunidade.
As iniciativas de cohousing em Portugal começam, timidamente, a aumentar. Em Espanha, pelo contrário, o modelo já conta com mais de 80 projetos em curso, apoiados pelas autarquias locais.
Apesar de já estar bastante desenvolvido em países nórdicos da Europa, em Portugal a questão cultural atrasa um pouco o processo. Somos um país de proprietários pois cerca de 75% das famílias compraram a propriedade onde vivem – algo que não é tão frequente no resto da Europa, onde o aluguer de casa é uma realidade mais frequente.