Comparando com o final de 2017 e graças à política de venda de malparado a fundos de investimento, os bancos já foram capazes de se desfazer de sete mil imóveis dos seus balanços, entre casas, empreendimentos e terrenos.
Ainda assim, seis dos maiores bancos portugueses ainda têm em carteira 24 mil imóveis para vender, que correspondem a um total de 4,3 mil milhões de euros. A liderar em volume está o Novo Banco e Montepio com mais de 5 mil imóveis que receberam de empresas e particulares por incumprimento do pagamento de empréstimo.
Com o boom do imobiliário impulsionado pelo turismo e por fundos de investimento, os bancos têm conseguido mais facilmente vender estas propriedades, sendo que só o BCP nos primeiros três meses de 2019 desfez-se de 1094 imóveis por 149 milhões de euros. O Novo Banco procura seguir o mesmo caminho ao colocar no início deste ano, uma carteira de imóveis avaliada em 500 milhões de euros com o nome Viriato 2 – agora denominado Sertorius, com 200 ativos em que cerca de dois terços são terrenos não edificados e alguns imóveis industriais, residenciais e comerciais.
Nestas carteiras não constam apenas os casos de famílias que não tiveram possibilidade de pagar o crédito à habitação concedido pelo próprio banco – envolvem também projetos inacabados de empreendimentos, em que os próprios promotores entraram em dificuldades financeiras. É o caso de moradias inacabadas, complexos hoteleiros e lotes de terreno.
O Golf Praia da Marinha, situado no Algarve, é o exemplo de um projeto turístico que entrou em liquidação e que se encontra agora sob posse do BCP, que o tem à venda por 89 milhões de euros.
Banco de Portugal deixa alerta
Apesar da boa evolução na redução de malparado dos balanços nos bancos portugueses, o Banco de Portugal continua a alertar dado o arrefecimento do mercado imobiliário no decorrer deste ano. Isto porque, apesar da melhoria de resultados, o nível de NPL em Portugal continua mais elevado do que a média europeia. No final do ano passado 9,4% do total de crédito da banca portuguesa correspondia a crédito malparado, cerca de 4,4% acima da média da União Europeia.