Pierre Moscovici, atual comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, defendeu esta quarta-feira na reunião do Eurogrupo, que a União Europeia deve estar sob vigilância em relação à situação económica pois equaciona que o crescimento atual poderá abrandar, porém, sem uma possível recessão.
Preste a terminar o mandato que o manteve à frente da pasta dos assuntos económicos nos últimos cinco anos, Moscovici afirma agora em Bruxelas que, embora a UE se encontre “numa posição sólida”, “não podemos ignorar que os riscos apontam para um abrandamento” da economia. “A Europa está exposta a incertezas económicas a nível mundial, no que toca a tensões comerciais, pressões geopolíticas e também ao elevado risco de uma saída sem acordo do Reino Unido da UE”.
O evidente progresso dos Estados-membros tornou a situação económica da UE estável, tendo sido referido em entrevista à agência Lusa um “recorde” no que toca a indicadores como o emprego e em “níveis mínimos desde 2008” em termos de desemprego.
Ainda que apele à vigilância do possível abrandamento nos próximos anos, que admite não lhe parecer “irrealista”, o comissário europeu reforçou que “um abrandamento não nega o facto de a economia na zona euro estar robusta” pelo que rejeita uma possível recessão.
“Portugal tem sido uma clara história de sucesso”
Na mesma entrevista, Moscovici aproveitou para referir Portugal como uma história de sucesso e que se encontra confiante de que o país continuará com uma situação favorável.
“Nos cinco anos em que estive neste cargo, Portugal tem sido uma clara história de sucesso em termos económicos: tenho observado uma forte recuperação e crescimento, forte criação de emprego e uma melhoria impressionante das finanças públicas”.
O responsável destacou os importantes progressos dos bancos portugueses ao reduzirem substancialmente os níveis de NPL (Non-perfoming loans) dos seus balanços, fator que contribuiu de forma efetiva para a estabilidade económica do nosso país.
No mesmo dia em que foi entrevistado pela agência Lusa, foi também divulgado pela Comissão Europeia o seu mais recente relatório pós-programa de assistência a Portugal apresentado esta quarta-feira aos ministros das Finanças da zona euro. No documento, Bruxelas reconhece o progresso da economia portuguesa, mas deixa o alerta para pressões crescentes na despesa pública dado os salários provenientes de descongelamento de carreiras, o crescimento da força de trabalho no Estado e aumentos nas pensões.
O mesmo documento indica, porém, a melhoria de qualidade dos ativos bancários e a notória redução do malparado em 2018, graças essencialmente à venda de carteiras de empréstimos em incumprimento por parte dos bancos (seis mil milhões de euros em 2018) a gestoras de ativos como a HipoGes Iberia.