A entrada do novo ano traz boas perspetivas no que diz respeito ao desempenho do setor imobiliário em Portugal, principalmente a nível das operações no mercado NPL. O interesse dos investidores internacionais em Portugal continua em alta, nomeadamente nos segmentos residencial, escritórios, logística e turismo, acompanhado de uma elevada oferta por parte dos bancos, com várias carteiras e ativos de crédito malparado ainda por vender.
Na conferência NPL Iberia que se realizou em Madrid no final do mês passado, o CEO do Novo Banco Real Estate Volker Schmidt afirmou que “para os investidores a probabilidade de falhar em Portugal é muito menor”. Segundo o profissional, a estabilidade jurídica do país, o abrandamento dos preços e a qualidade dos colaterais são fatores muito favoráveis que continuam a atrair investimento para Portugal.
De facto, o mercado imobiliário encontra-se mais dinâmico, sustentado por um clima de recuperação económica e estabilidade política. O bom desempenho do setor bancário, pronto para avançar com os planos de desalavancagem, é outro fator que influencia a atratividade do mercado e aumenta a procura por parte dos investidores.
Um mercado que oferece hoje “mais profissionalismo”
No decorrer da conferência foi abordada a evolução do mercado, que se encontra hoje a entrar num período de maior maturidade, com “investimentos cada vez menos oportunistas” possibilitando que carteiras de NPL sejam colocadas junto dos investidores internacionais com maior facilidade.
Apesar de apontar que esta maturidade “permite aos vendedores minimizar as suas perdas, e aos compradores manter os seus retornos”, Schmidt relembra ainda a desvantagem competitiva do mercado português – um mercado de pequena dimensão e de cariz bastante granular.
Durante a conferência foi ainda destacado o bom desempenho por parte da banca nacional na limpeza dos balanços e recuperação financeira relativamente aos créditos em incumprimento, desde a intervenção da troika em 2011.
Ainda assim, há muito trabalho pela frente para cumprir as diretrizes estabelecidas pelo Banco Central Europeu. Apesar da boa prestação por parte dos bancos, especialmente nos últimos dois anos, o rácio de NPL dos bancos nacionais encontrava-se ainda nos 8,9% em junho de 2019 face aos 5% da média europeia.
Esta pressão pode, contudo, ser vista de forma positiva pois gera mais oportunidades no mercado imobiliário.
Desafios para 2020
Com muitas oportunidades ainda por explorar a nível nacional, José Araujo, da Direção de Crédito Especializado e Imobiliário do BCP, defendeu que “o que falta em Portugal é capital” sendo fundamental a atração de investimento estrangeiro que neste momento se sustenta na “procura de fundos ingleses, americanos e alemães a querer comprar NPL”.
Araujo aponta que o verdadeiro desafio é encontrar terrenos disponíveis para projetos residenciais de construção nova para a classe média nos arredores das cidades, armazéns para logística, ou terrenos para novos serviços e escritórios”.