O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) alertou para os efeitos da pandemia nas perspetivas económicas e orçamentais portuguesas, bem como noutros países europeus.
Publicado na passada quinta-feira, o relatório anual relativo a 2019 do MEE revela um crescimento económico “moderado” em Portugal no ano passado, ainda que “acima do ritmo da zona euro”.
Em matéria dedicada ao país, que continua a ser acompanhado de perto pelo MEE devido ao resgate financeiro de 2011, a instituição defende uma possível mudança no panorama em 2020, com um impacto negativo sob o orçamento de Estado, dadas a medidas tomadas para combater o surto de covid-19. Entre elas estão nomeadamente as medidas fiscais extraordinárias com reduções na cobrança fiscal, e o aumento das despesas inesperadas para o combate ao vírus.
Este cenário é observado não só em Portugal, mas no conjunto da zona euro. O MEE revela no relatório que “nos primeiros meses de 2020, a economia desta área deteriorou-se acentuadamente, atingida pelo impacto negativo da pandemia” e acrescenta ainda uma incerteza quanto à duração e magnitude do choque, bem como o momento e velocidade da recuperação.
O organismo europeu prevê que a pandemia provoque “uma incerteza significativa às perspetivas económicas e orçamentais portuguesas”. Ainda assim, acredita que “Portugal adotou importantes medidas para minimizar os efeitos económicos e sociais da pandemia”.
MEE: O stock de NPL “continua a diminuir a um ritmo acelerado”
Ainda no mesmo relatório, o MEE evidencia a desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que em 2019 se manteve nos 2,2% – um crescimento inferior quando comparado com a subida de 2,6% no período homólogo.
Apesar disso, a recuperação do investimento e consumo privado, fruto de uma reduzida taxa de desemprego, revelou-se um forte motor de crescimento para a economia.
“As condições favoráveis do mercado permitiram que Portugal efetuasse um reembolso antecipado de dois mil milhões de euros ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira – depois de já ter reembolsado integralmente e antecipadamente o empréstimo do Fundo Monetário Internacional em 2018 -, suavizando assim o seu perfil de reembolso da dívida”.
Quanto ao setor bancário, apesar de ainda alertar para os elevados níveis de NPL em Portugal, a instituição aponta para uma melhoria na rentabilidade dos bancos em 2019, quando comparado com anos anteriores. Segundo a mesma, no final do ano passado o rácio de malparado caiu para 6,1%, menos 3,3 pontos percentuais que em 2018: [o stock de NPL] “continua a diminuir a um ritmo acelerado e está agora 57% abaixo do seu pico em meados de 2016”.
Contudo, estes níveis ainda se encontram acima da média da zona euro, que no final do ano passado se fixou nos 3,6%.
Para este ano, segundo o Programa de Estabilização Económica e Social, o Governo português espera uma queda de 6,9% no PIB por consequência da pandemia e um crescimento de 4,3% em 2021. Já a Comissão Europeia prevê para a economia portuguesa uma redução de 6,8% em 2020, e um progresso de 5,8% para 2021, ainda abaixo da média da zona euro (6,3%).