O primeiro semestre de 2020, fortemente marcado pela pandemia, viu Portugal atingir valores nunca anteriormente alcançados em períodos homólogos em Portugal. O setor imobiliário de rendimento atingiu o valor recorde de 1.700M€ em transações, um feito que coloca 2020 perto de ser o terceiro ano de maior investimento no setor, apesar da situação presente.
Um recorde que deixa o país esperançoso
Segundo a análise feita pelo departamento de Research da consultora CBRE, Portugal não só observa um primoroso primeiro semestre, como também prevê um seguro segundo semestre.
O imobiliário de rendimento atingiu o valor recorde de 1.700M€ em transações, algo nunca antes observado em anos anteriores, trazendo prosperidade ao setor. O volume de investimento é composto por 50% em ativos de retalho, 27% em hotelaria e 22% em escritórios. Em destaque, encontram-se três grandes negócios encerrados neste primeiro semestre, sendo eles a aquisição por parte da empresa de private equity Cerberus de um portfolio de oito edifícios de escritórios, a compra de um portfólio de dez hotéis Real Palácio pelo grupo Palm Invest e, ainda, a aquisição de 50% do Sierra Fund, que inclui os centros comerciais Colombo, CascaiShopping, NorteShopping e Vasco da Gama, pela seguradora Allianz e pelo fundo finlandês de pensões Elo.
A projeção feita pela CBRE possibilita, também, uma estimativa de 1.000M€ em investimento no setor de imobiliário de rendimento para o segundo semestre deste ano, devido a decorrentes transações de grandes dimensões que estão neste momento a acontecer.
Acrescenta-se ainda a possibilidade de Portugal ter 2020 como o terceiro ano de maior investimento neste setor, com um rendimento total de 2.700M€. Prevê-se, de igual forma, o crescimento do setor de built to rent, que por enquanto não tem uma importância significativa no país, mas que já se observa uma procura nos EUA e na restante Europa. Por enquanto, os ativos mais atraentes aos investidores têm sido os edifícios de escritórios.
As diferentes velocidades do setor imobiliário de rendimento
Apesar do recorde observado no imobiliário de rendimento, por razões óbvias o segmento dos escritórios viu um decréscimo de ocupação de cerca de 24%, comparado com o ano anterior. Ainda assim, foi possível manter-se sólido devido a transações feitas, que tiveram o início das suas negociações numa altura pré-pandémica. Um exemplo disso é o arrendamento de 16.500 metros quadrados no Monumental por parte do BPI ou a compra dos edifícios Natura Towers (com 10.500 metros quadrados), para ocupação, por parte da Cofidis.
Nos restantes segmentos, como os retail parks, o comércio bairrista e de pequenas dimensões, os centros comerciais ou as zonas predominantes de comércio, existe uma diferenciação tanto na evolução como em comparação a anos anterior.
Por exemplo, os retail parks mostraram resiliência pela sua característica outdoor que vai de encontro com as preocupações de distanciamento social e higienização e arejamento. Ainda a demonstrar grande resistência, está o comércio bairrista que se vê apoiado pelas comunidades em que se insere, tendo em conta o facto de, agora, a permanência em casa por parte das pessoas é visivelmente maior.
Por outro lado, e apesar de se ver um aumento de transeuntes gradual, os centros comerciais demonstraram uma redução significativa de fluxo em 38%, face ao período homólogo, e o comércio em zonas premium vive um período de dificuldade, tendo em conta que o seu público-alvo é o turista.
Por fim, o setor logístico, no qual se observou uma ocupação de 46.000 metros quadrados, demonstrou valores semelhantes aos mesmos períodos nos anos de 2018 e 2019, apesar de se ter previsto um crescimento devido a uma maior procura pelo comércio online.