O primeiro trimestre deste ano de 2021 viu uma subida impressionante no investimento em imobiliário, que atingiu os 221M€, mais que o dobro do arrecadado no período homólogo (que apenas atingiu os 90M€), segundo os dados divulgados hoje pela consultora JLL, fruto de um estudo por ela conduzido.
O valor transacionado ultrapassa o dobro do valor conseguido no anterior confinamento, em 2020. “comprovando que, mesmo havendo um fecho generalizado, os investidores encararam este período com maior confiança do que anteriormente”, avança o Diretor-Geral da JLL num comunicado à impressa, acrescentado que o mercado imobiliário português continua “forte” e o “apetite” dos investidores continua firme.
Para o Diretor-Geral da JLL, Pedro Lancastre, é óbvio que estamos perante “um resultado notável, considerando que a atividade voltou a desenvolver-se num cenário de confinamento geral, o que atrasou diversos processos em curso”, após análise ao mais recente relatório trimestral de mercado da consultora JLL, o Market Pulse.
Do investimento em imobiliário comercial de cerca de 221 milhões de euros até Março de 2021, uma percentagem de 95% teve origem no estrangeiro e 70% é representativo de negócios no segmento dos escritórios, um segmento que este ano tornar-se-á numa “das classes de ativos com maior preponderância”, avisa a consultora.
Já os segmentos do retalho e da hotelaria “continuam a estar entre as classes de ativos mais afetadas”, mesmo representando 15% no montante total do investimento em imobiliário comercial, sendo que “o dinamismo dos supermercados/hipermercados como produto de investimento” é um dos pontos a favor do segmento do retalho.
“As ‘yields prime’ mantêm-se estáveis face ao final do ano passado, pelo que ainda em mínimos históricos nos segmentos de escritórios (4,0%), comércio de rua (4,5%) e logística (5,75%)”, afirma Pedro Lancastre. Sendo que existe uma grande liquidez no mercado, a consultora JLL afirma que “continua a existir apetite para comprar, pelo que, mesmo num contexto de transações mais complexas, fruto da atual conjuntura, prevê-se que 2021 tenha um desfecho bastante positivo ao nível do volume de investimento”.
A ocupação dos escritórios em Lisboa, neste primeiro trimestre de 2021, contou com 29.000m2, representando uma descida de 26% em relação ao período homólogo, talvez pelo facto de na altura ainda se ver uma presença dos negócios mais complexos que tinham sido iniciados em época pré-pandémica. Ainda assim, o que se viu mais no mercado durante este primeiro trimestre foi uma “aceleração da ocupação em termos mensais e de manutenção da renda ‘prime’ em todas as zonas do mercado”.
No segmento do retalho, este segundo estado de emergência reforçou o impacto negativo no número de visitantes (também conhecido como “footfall”) e nas vendas, tanto ao nível do comércio de rua, como dos centros comerciais. Em contrapartida, “a habitação voltou a mostrar a sua resiliência no arranque deste ano, exibindo uma atividade dinâmica, tanto por parte dos compradores nacionais, como dos internacionais, registando-se um ajustamento em baixa dos preços sobretudo em zonas com forte predominância de turistas e maior predominância de aquisição para investimento”, afirma a JLL.
“De uma forma geral, o segundo confinamento foi menos penalizador para o mercado imobiliário do que o primeiro. Isto porque não só não existiu o efeito surpresa causado pelo início da pandemia, como já está a decorrer o processo de vacinação. Mas, acima de tudo, tal deve-se também à solidez do mercado imobiliário, que vinha de um ciclo de forte crescimento e tinha já conquistado um posicionamento sólido a nível internacional, com uma oferta moderna e de qualidade, bem como uma procura cada vez mais diversificada em termos de origens e perfil de investidores, algo que não consideramos reversível”, avançou Pedro Lancastre, Diretor-Geral da JLL.
Apesar de existirem novas consequências e desafios, frutos da pandemia, Pedro Lancastre acredita vivamente que “o mercado imobiliário tem condições para recuperar os bons níveis de atividade ainda este ano”.
Fonte: Diário Imobiliário/LUSA