Dia 5 de Dezembro celebrou-se o Dia Internacional do Voluntário. Neste dia comemora-se e reconhece-se o compromisso, o trabalho e dedicação dos voluntários/as para fazer deste mundo um lugar melhor com o seu contributo.
Através do voluntariado, fazem-se iniciativas com significado na promoção de sociedades mais inclusivas e igualitárias e que, através de ações voluntárias, muitas das pessoas que estão à margem podem vir a ser nelas incluídos.
Pretende-se, através do voluntariado, reduzir as desigualdades, capacitar e promover a inclusão social, económica e política de todos/as, independentemente da idade, género, incapacidade, etnia, religião, condição económica ou outra, e ainda garantir a igualdade de oportunidades.
Este ano, a Hipoges quer agradecer a todas as pessoas voluntárias e às organizações e associações com que colaboram e na ajuda que prestaram, de forma desinteressada, e também dar visibilidade às dificuldades com que se depararam para realizar o seu trabalho durante a pandemia COVID-19 que afetou o mundo no início de 2020.
Durante os meses mais críticos da pandemia os/as voluntários/as estiveram na primeira linha realizando um trabalho incansável no campo sanitário, comunitário e social, empregando o seu tempo e voluntariedade de contribuir onde fosse necessário.
Com o lema “Com voluntariado, unidos/as somos mais fortes” reconhece-se o impacto que tem o desenvolvimento da crise gerada pelo COVID-19, assim como se reconhece mundialmente as ações voluntárias levadas a cabo durante todos estes meses.
Para melhor celebrar este dia, a Hipoges recolheu os testemunhos de algumas das pessoas do Grupo que participaram em experiências de voluntariado, e que nos deixam as suas palavras de coragem e altruísmo.
Ana Dias, Team Coordinator Operational Support, Lisboa
“Hoje serão eles, amanhã poderá ser os meus. Iniciei ações de voluntariado em 2008, através dos vários estágios que tive no decorrer do meu curso, sendo que das quais participei e me mantive durante quase 10 anos, foram relacionadas com o público-alvo sem-abrigo.
São ações que ocorrem maioritariamente durante a noite, e em que participamos na distribuição de alimentação, roupas e várias conversas ao longo da noite, pois ficamos a conhecer diversas realidades e que os “azares” acontecem mais vezes do que imaginamos. Fazer voluntariado com sem-abrigos não é só distribuir bens alimentares ou materiais que façam falta a quem não tem, é um ouvir de histórias que nem sempre ouvimos, é um partilhar de vidas e experiências.
Nem sempre é fácil participar nestas ações pois nem todas “acabam” bem ou conseguem segundas oportunidades, mas segue-se acreditando por um dia melhor e aprendemos que nem tudo é como parece.
Sem dúvida, acrescentou-me enquanto ser humano, e hoje são eles… Amanhã poderá ser algum dos meus.”
Inês Marques, Support Human Resources, Lisboa
“Participei pela primeira vez como voluntária num Centro de Acolhimento para Crianças em risco numa ação solidária que foi feita por altura do Natal, onde pediam que dessemos às crianças não só brinquedos, mas principalmente tempo. Durante 3 anos foi a minha segunda casa, com várias visitas durante a semana. Todos os fins de semana tinham a oportunidade de proporcionar a algumas dessas crianças um dia diferente, pois podiam sair do Centro e ficar connosco em casa. Foram férias, Natais, aniversários… Dar a estas crianças um dia em família, um dia em que elas se sentiam únicas e especiais foi das experiências mais gratificantes que já tive na minha vida. Darmos um bocadinho de nós pode mesmo fazer uma grande diferença na vida de alguém.”
Marco Teixeira, Asset Manager Retail Loans, Lisboa
“Como trabalhei durante 3 anos no departamento de Ação Social na Camara Municipal de Lisboa, participei em diversas experiências de voluntariado. Posso destacar 2 que me marcaram particularmente, uma em que fiz 1 semana no Natal de 2003 num centro para sem abrigos para estarem acolhidos do frio e poderem ter um pouco do espírito de Natal e foi muito marcante pois principalmente ver pessoas mais idosas que nada têm, poderem ter um jantar de Natal, conviver de forma saudável com outros e terem alguns momentos de paz e abrigo foi muito especial.
Outra situação muito marcante, foi com um sem abrigo que vivia na rua onde eu habitava, comecei por falar com ele perceber o que o fazia viver na rua. Devido a um problema de saúde perdeu o emprego em consequência a família abandonou-o e ficou sem casa e onde viver. Durante várias semanas levei-lhe roupas, comida e conversávamos sempre um pouco e sobre a vida. Como trabalhava na Ação Social, consegui entrar em contato com várias associações e consegui encontrar-lhe uma residência para viver, continuei em contato com ele e a acompanhá-lo no possível. Tirou nessa associação posteriormente uma formação prática e conseguiu voltar a trabalhar e a recompor a sua vida. Chamava-se Carlos e tenho muito orgulho de poder ter feito pequenos gestos que contribuíram para a mudança de uma vida e com essa experiência receber a partilha e o reconhecimento de outro.
Pequenos gestos e atos podem realmente mudar o mundo. Cabe a cada um de nós recusar a inércia, a apatia e por vezes basta simplesmente ouvir os outros para fazermos a diferença.”
Maria José Cardoso, Asset Manager Junior Corporate Loans, Porto
“A minha primeira experiência como voluntária foi numa Associação de Proteção de Animais abandonados. Um pequeno gesto pode mesmo fazer a diferença. Deixo o nome de algumas associações cujo trabalho acompanho e admiro:
- Anivalpaços, Associação de Proteção aos animais de Valpaços;
- Associação Ajuda Animais em Amarante (fazem sorteios solidários regulamente e têm uma loja online de roupa em 2ª mão, as receitas revertem 100% a favor da causa – Loja online – Associação Ajuda Animais em Amarante);
- Associação Missão Animal (Associação que trata e reabilita gatos de rua de Amarante)
- Associação Miacis – Proteção e integração animal (fazem regularmente leilões solidários);
- Associação Midas (também vendem muitos artigos e as vendas revertem a favor da causa).
Também apoio outras causas e outras associações, como por exemplo a Vencer Autismo.”
Susana Santos, Office Manager, Porto
“É importante termos em conta que é na relação com o outro onde mais nos enriquecemos e onde mais aprendemos. Não se trata apenas de dar, recebemos muito mais do que aquilo que pensamos quando nos comprometemos em fazer voluntariado.
Há alguns anos atrás, uma das ações de solidariedade em que me inscrevi, trazia consigo uma realidade dura: a pobreza, os sem-abrigo. Vivenciar e aproximar-nos desta realidade, deparar-nos com tristeza, solidão, transforma-nos!
Confesso que fiquei impressionada e gerir as emoções nas primeiras saídas à noite pelas ruas de Lisboa era impossível sem chorar, mas a facilidade de estar nessa simplicidade, faz-nos repensar tudo e quando tentamos reconstruir sentidos de vida na partilha de comida, de palavras de conforto, de agasalhos, torna-se mais fácil.
Para quem trabalha como voluntário no terreno, junto de sem-abrigo, este é muitas vezes o maior desafio: convencer quem precisa a aceitar a ajuda das equipas de apoio. Os sem-abrigo são, na sua grande maioria, pessoas que perderam a sua identidade. Vivem alheados da realidade. Os que têm alguma força dentro deles ainda tentam. Muitos vão desistindo e deixam-se ficar. Quanto mais tempo uma pessoa está na rua, mais difícil é retirá-la de lá.
Dizer que é possível resolver definitivamente este problema é altamente demagógico, mas podemos através do voluntariado, minimizar solidão, isolamento e partilhar tantas histórias de vida.”
Vitor Rocha, Sales Advisor Real Estate, Porto
“Considero as atividades de voluntariado importantes não só para o desenvolvimento pessoal de cada um de nós, mas também como instrumento capaz de reduzir as diferenças socais nas existentes na nossa sociedade.
Felizmente já tive oportunidade de participar em algumas iniciativas de voluntariado, tais como por exemplo recolha de alimentos para o Banco Alimentar Contra a Fome e numa Associação de Solidariedade Social, baseada no concelho de Vila Nova de Gaia. Com estas atividades de caracter voluntário não só consegui ajudar outras pessoas que infelizmente por este ou aquele motivo não têm tantas possibilidades económicas, como ao mesmo tempo tive a oportunidade de crescer enquanto ser humano, melhorando competências de comunicação e saber estar.
A minha participação no programa HipoCare tem sido gratificante, na medida que me permite contribuir para o bem-estar geral de todos os meus colegas, bem como para o crescimento organizacional direcionado para a satisfação e felicidade organizacional, tão importante nos dias de hoje.”