A pandemia veio criar atritos nas nossas economias e nas nossas vidas, e muitos foram os setores que sofreram devido à crise gerada pela pandemia de covid-19. O imobiliário, pelo contrário, tem dado provas de imunidade e resiliência. O setor tem sabido reagir – profissionalizando-se, investindo, digitalizando-se – e o consumidor tem se mostrado ávido por comprar casas e investir em imóveis, mesmo quando o país esteve fechado em confinamento. E depois destes dois últimos anos cheios de desafios, o que esperar do mercado imobiliário em 2022? De seguida, a Hipoges partilhar algumas das tendências que se esperarão deste setor para 2022.
Em 2020 e 2021, quando outros setores sofreram, o imobiliário demonstrou provas de crescimento, fazendo face às novas dificuldades surgidas, como resume António Marques, Diretor-Geral do idealista em Portugal. António Marques afirma que “diferente de setores como o turismo ou a restauração, mais propensos a sofrerem com regras de confinamento ou viagens, o imobiliário, sendo um investimento, que é feito normalmente a médio-longo prazo, continuou a existir, tanto para rentabilidade como para habitação própria“, reforçando que os dados do INE mostram que o último semestre foi mesmo o melhor de sempre, tanto em vendas de casas como em valor de transações.
Mercado imobiliário e digitalização
Um resultado como este nasce, sobretudo, do contexto de baixas taxas de juro e o aumento da poupança em termos médios, bem como o facto de o setor imobiliário já ter vivido outras crises, ter custos fixos mais baixos quando comparados com outros setores, e ter dado um salto enorme no que toca à digitalização, “vindo a acompanhar uma maior profissionalização e digitalização do setor, no último ano, no idealista mais do que duplicou o número de imóveis com serviços multimédia“.
Razões para o contínuo crescimento do mercado imobiliário português
Lisboa e Porto tornaram-se cidades globais e globalizadas, que atraem muitos estrangeiros, e onde foram criados vários hubs tecnológicos. Com o investimento estrangeiro e aumento do preço das casas nas principais capitais, houve também o aparecimento de uma maior dinamização na construção nova nos arredores das grandes cidades, trazendo mais vida e modernização para estas zonas.
Devido à segurança e ao clima, Portugal é cada vez mais um destino ideal para nómadas digitais, que podem escolher qualquer sítio no mundo para trabalhar e viver, e optam por instalar-se no país.
Duas tendências do setor imobiliário que irão crescer a olhos vistos em 2022 serão a nova construção – por parte de famílias que procuram casas que respondam às suas (novas) necessidades e de investidores que querem comprar para pôr a arrendar – e a compra de segunda habitação, tanto em zonas turísticas como no interior do país.
A força da nova construção explica-se porque os portugueses estão a preferir comprar novo e, perante a ainda pouca oferta de casas construídas em stock, mostram-se cada vez mais disponíveis para comprar casas em planta, apostando em sítios perto das grandes cidades como, por exemplo, no Norte os concelhos de Vila Nova de Gaia e Matosinhos e a Sul alguns municípios como Oeiras, Amadora ou Montijo.
De forma cada vez mais impositiva, 2022 será um ano em que existirá mais construção para arrendamento, sobretudo para a classe média e para os jovens, podendo ser impulsionada pelo novo diploma que veio determinar que a construção passa a pagar apenas 6% de IVA quando se trata de arrendamento acessível.
No que toca a compra de segunda habitação, devido ao facto da população continuar ainda concentrada em algumas das grandes cidades, deverá verificar-se uma maior compra de segunda residência – não só perto da praia, mas também cada vez mais no interior e em zonas rurais – com as novas necessidades que a pandemia criou, como o descanso, a necessidade de se estar no exterior e o teletrabalho. “Desta forma, iremos com certeza verificar novas oportunidades a surgirem no ano que está prestes a arrancar“, termina o especialista em imobiliário, António Marques.
Fonte: idealista news/INE