A pandemia trouxe mudanças a todos os setores económicos, e para variar da crise que afetou tantos, nunca houve tanta procura pelo setor das operações logísticas e, como tal, tão pouca oferta, o que por sua vez afeta positivamente o Mercado Imobiliário. O estudo European Real Estate Logistics Census, publicado pela consultora imobiliária Savills, conta-nos então que Portugal está no topo do radar dos investidores e das empresas que pretendem expandir o seu espaço de armazém e logística.
Segundo o estudo publicado a 5 de Janeiro deste novo ano, que inquiriu promotores, investidores, agentes e empresas, Portugal aparece na quinta posição a nível europeu, numa lista de países com capacidade para atrair mais investimento para o setor logístico. Em primeiro lugar, surge a França, seguida pela Alemanha, em terceiro temos Espanha e, em quarto lugar, Itália. Portugal chega até a aparecer à frente de países como o Reino Unido, a Bélgica, a Dinamarca ou a Suíça.
A pandemia como razão primária ao investimento em operações logísticas
Os especialistas da Savills concluíram que a pandemia teve um impacto muito positivo no setor das operações logísticas, devido à necessidade que houve de “reconfiguração das necessidades de armazenamento originadas pelos confinamentos“, muito motivadas pelo crescimento do comércio online, o que obrigou a uma adaptação de todo o setor.
O estudo demonstra que, em meados de 2021, o nível de ocupação destes espaços estava 63% acima da média a longo prazo, registada até então. O investimento no setor no ano passado chegou a atingir os 35 mil milhões de euros. Como tal, em Portugal, 2021 foi ano de recordes de ocupação de espaços dedicados a logística, atingindo acima dos 290.000 m2. Para os próximos anos, em que se espera uma continuação deste crescimento do investimento, há mais de 400 mil m2 de projetos previstos em pipeline.
O Associate Director de Industrial & Logistics da Savills Portugal, Pedro Figueiras, prevê “a continuação da tendência de maior necessidade de área Logística e Industrial, ao mesmo tempo que deverão ser anunciados vários novos projetos por parte dos promotores logísticos“. No entanto, “a pressão de escassez de área de logística dever-se-á manter, dado que só é expectável que estes projetos se concluam em meados de 2023 e 2024, o que permite antever a continuação da tendência de pré-arrendamentos observada em 2021“, afirma.
Ativos em falta como principal impedimento ao crescimento
A falta de ativos é o maior travão ao crescimento deste setor em toda a Europa. Cerca de 95% dos operadores logísticos inquiridos para o estudo da Savills estimam que vão precisar de mais ou do mesmo espaço para armazenamento ao longo dos próximos três anos, sendo que 47% dizem ser “muito provável” virem a expandir essa capacidade, com o crescimento do setor de operações logísticas.
“Existe uma oferta de armazéns deficitária em toda a Europa, mas com França, Alemanha e Espanha a continuarem a ser os mercados mais atrativos para os ocupantes que queiram aumentar a sua capacidade, devido ao crescimento das vendas de retalho online, significa que poderemos esperar o aumento dos valores das rendas nestes mercados ao longo dos próximos 3 a 5 anos“, afirma European Research Associate da Savills, Mike Barnes, no âmbito deste estudo. Para além disso, a localização é o fator mais valorizado na procura por este tipo de espaços de armazenamento, seguida pela segurança dos acordos de arrendamento.
Fonte: Jornal de Negócios