No início de cada ano, há sempre uma reflexão sobre o ano anterior, novas ideias, oportunidades e tendências para o ano que se antevê. Para 2024 não será exceção, no mercado de Real Estate e Habitação prevê-se, como em anos anteriores, um crescimento lento, mas positivo.
No panorama do país, não é novidade que Portugal está a atravessar uma crise na habitação, o acesso a casas não é fácil, devido à sua escassez e preços inflacionados. No entanto, para 2024, antecipa-se um arrefecimento na procura com a estabilização da inflação ao longo dos primeiros seis meses do ano.
Alguns dos experts do mercado dão o seu parecer e o que podemos esperar para 2024.
Patrícia de Melo e Liz, CEO, Savills Portugal
Está previsto que 2024 seja um ano marcado de promessas e desafios, devido às incertezas que se vivem a nível global. O mercado da habitação, não ficará indiferente a estas dinâmicas, mas é claro que o interesse por parte de investidores estrangeiros persistirá, mas de forma mais cautelosa devido à estabilização das taxas de juro, na primeira parte do ano, as tensões geopolíticas na Ucrânia e no Médio Oriente são também um fator de risco no que toca a investimento.
No que diz respeito ao panorama político e legislativo nacional, espera-se que crie tanto oportunidades como incertezas que podem perturbar os investidores, existe, porém, uma oportunidade de reconsiderar políticas, nomeadamente a política de Regime de Residentes Não Habituais (RRNH). Encarar o mercado da habitação como um motor económico vital é essencial, este é um passo que o Governo deverá reconhecer, e esclarecer que o segmento imobiliário não é fonte de problemáticas sociais.
Prevê-se que o mercado residencial de luxo continue forte, nomeadamente em Lisboa, com vários empreendimentos em curso, é expetável um aumento moderado de 2% no segmento, que se pode traduzir num panorama mais lento, devido à falta de oferta e pela liquidez dos compradores, que estarão menos dependentes do crédito.
Em 2024, no mercado da habitação, a palavra-chave será equilíbrio. Equilíbrio entre a confiança dos investidores, os desafios sociais e a utilização estratégica de incentivos. Será essencial a colaboração entre todas as partes para que se dê resposta a questões cruciais e neste sentido orientar o mercado na direção certa.
Rui Torgal, CEO da ERA Portugal
Para o mercado imobiliário prevê-se um ano com dois momentos distintos, com diferentes ritmos: um primeiro semestre com maior lentidão, isto devido à prudência que se impõem pela atual conjuntura, o início de qualquer ano neste tipo de mercado, é sempre assinalado por um período de abrandamento. Assim como mais avaliações de risco da parte dos bancos. A procura de casas deverá diminuir e é possível que se veja um aumento do tempo médio de venda. Mas creio que não se irá assistir a um cenário semelhante ao do ano de 2023.
Falando no segundo semestre de 2024, este será marcado por um maior dinamismo, uma maior confiança e correções no que toca ao preço médio de vendas das habitações, haverá um aumento, mas a um ritmo moderado. É previsível que, com a estabilização da inflação ao longo da primeira parte do ano e a previsível descida das taxas de juro, que o volume de compra/venda seja semelhante a 2023.
Em relação ao arrendamento, em 2023, o Governo impos medidas de controlo de rendas, com este controlo, os preços viram-se artificialmente controlados, impedindo o seu aumento acima dos 2%. Esta medida não foi completamente eficaz, tendo até o efeito contrário, com a subida das rendas gerada por novos contratos de arrendamento.
Para 2024, é expectável que o Governo deixe cair esta norma, e por consequência, se veja uma maior confiança por parte de investidores.
Sylvia Bozzo, Marketing Manager do Imovirtual
Relativamente a 2023, no novo ano, o arrendamento deverá aumentar, mas a um nível reduzido, prevê-se uma subida entre 6 a 8%. Este aumento será devido maioritariamente a dois fatores: a estabilização das taxas de juro, que poderá abrandar a procura de arrendamento, dando lugar à procura de compra de habitação. E por outro lado o valor das rendas atuais, que já está num patamar alto, por isso não se antecipa uma subida considerável.
Qualquer portal imobiliário apresenta os preços dos imoveis, no Imovirtual não é exceção, no entanto o preço anunciado não é igual ao preço final da venda dos mesmos. Para 2024 antecipa-se um abrandamento nos valores, ainda que com um ligeiro crescimento a nível nacional. Este aumento será influenciado pelas zonas interiores do país e pelas regiões vizinhas aos grandes centros. No que diz respeito a Lisboa e Porto pensa-se que vá estabilizar.
Há boas notícias do Banco Central Europeu (BCE), desde meados de 2022 que as taxas de juro viam um crescimento consecutivo, nas duas últimas atualizações do BCE, a taxa de juro manteve-se estável, com um máximo de 4%, uma franca melhoria de ano para ano. Acredita-se que 2024 será um ano muito positivo para o mercado do Real Estate, com as taxas de empréstimos mais chamativos, o que sem dúvida irá facilitar e aumentar o número de transações no mercado.
2024, um ano de Oportunidades, Equilíbrio e Estabilização
No que diz respeito às previsões para o novo ano, há boas notícias, há esperança e acima de tudo muitas oportunidades, assim como alguma incerteza própria deste, e de todos os outros, mercado(s).
Para 2024, no mercado da habitação, a palavra-chave será equilíbrio. Equilíbrio entre a confiança dos investidores, os desafios sociais e a utilização estratégica de incentivos. O clima político em Portugal entra também neste quadro; e será um grande influenciador do mercado e da adoção de medidas diferenciadoras e alternativas de forma a melhorar a acessibilidade na habitação é essencial. Tudo indica que o novo ano traga confiança da parte de investidores e se registe um potencial crescimento da oferta, resultando numa evolução positiva para o setor.
Em resumo, 2024 antecipa ser um ano muito propício para a compra de habitação. Com novo produto, a estabilização de taxas e o equilíbrio previsto, prevê-se que o mercado de Real Estate e Habitação tenha mais um ano de crescimento positivo e de confiança.