A descida da euribor aumenta o número de empréstimos hipotecários fixos em Portugal
Na passada quinta-feira, a taxa euribor desceu a 12 meses para um novo mínimo desde 28 de março de 2023, tendo, no entanto, subido a três e a seis meses, decisão do Banco Central Europeu (BCE) em manter as taxas de juro, o que deverá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas euribor e assim baixar a prestação do crédito à habitação. Com a descida da taxa euribor aumenta o número de empréstimos hipotecários fixos e investidores antecipam ainda que que as taxas cheguem ao final do ano em torno de 3%. No final do primeiro semestre do ano, situava-se em 3,5%. A taxa de referência para o crédito hipotecário na Europa desceu de 4,007% em 2023 para 8,83%.
Esta variação nas taxas tem um impacto positivo significativo, tendo impacto nos empréstimos imobiliários e até nos produtos financeiros a curto prazo, boas notícias para pequenos investidores e compradores privados. Assim para quem tem atualmente créditos à habitação, pode vir a ver uma descida na prestação dos mesmos.
Em Espanha há mudanças que se podem esperar no mercado hipotecário, como explica Gonzalo Bernardos, professor da Universidade de Barcelona e especialista da Trioteca, a difícil situação do mercado de arrendamento nas principais capitais espanholas e a descida das taxas de juro do crédito hipotecário, vemos muitos jovens a interessar-se pelas hipotecas crescentes, ou seja, aquelas que oferecem amortizações mais baixas nos primeiros anos. Esta opção, a longo prazo reflete um empréstimo mais caro, mas durante os primeiros anos permite reembolsos acessíveis, um modelo interessante para quem espera um aumento dos seus rendimentos no futuro.
Já em Portugal, estas recentes descidas da euribor têm vindo a reduzir as prestações dos novos créditos habitação em Portugal (a taxa variável), embora de forma ligeira. Para quem já está a pagar um empréstimo de casa, viu a redução nas prestações revistas em junho (ainda que pouco). Mas a procura de empréstimos habitação por parte de particulares mantem-se quase sem alterações, no segundo trimestre de 2024 face ao trimestre anterior. Ainda assim, importa salientar que o montante dos novos contratos de crédito habitação tem estado a subir deste fevereiro deste ano. Por outro lado, as renegociações e as amortizações antecipadas, têm vindo a cair.
De modo geral, são boas notícias para quem já tem crédito habitação ou está a planear um no futuro, as previsões, de acordo com analistas de mercado, a evolução da euribor até 2024 será:
- Ebury Portugal admite que a euribor se situe em torno dos 3% – 3,5% no fim do ano;
- Bankinter vê a euribor em torno de 3,5% no final do ano (piorou as previsões que colocavam antes a taxa nos 3,25%);
- BBVA Research admite que a euribor ficará em 3,3%;
- A espanhola Funcas coloca o indicador nos 3,2% em 2024.
Tudo indica que a descida da euribor será lenta e moderada nos próximos meses, caindo em linha com as decisões futuras do BCE. E a taxa de referência poderá fixar-se, portanto, entre 3% e 3,5% até ao final deste ano, o que se refletirá num ligeiro alívio das prestações da casa.
No entanto, há fatores que são importantes ter em consideração, relativamente à descida das taxas – a Política Monetária do BCE (Banco Central Europeu) que recentemente adotou uma política monetária expansionista para estimular o crescimento económico e combater a inflação baixa. Que inclui a redução das taxas de juro diretoras e a implementação de programas de compra de ativos. Estas medidas tendem a diminuir as taxas de juro de mercado, incluindo a Euribor.
A baixa inflação, é também um fator que contribui para esta descida, com a inflação bem abaixo da meta de 2% do BCE, há menos pressão para aumentar as taxas de juro, fazendo com que os bancos estejam dispostos a emprestar a taxas mais baixas.
Concluímos então que a descida (e subida) da taxa euribor é produto de um conjunto complexo de fatores económicos e decisões políticas. Por um lado, proporciona alívio financeiro para muitos devedores, mas também apresenta desafios para os bancos e investidores. A contínua monitorização das políticas do BCE, as tendências económicas globais e as respostas dos mercados são cruciais para entender a evolução futura da Euribor e seus impactos na economia europeia.